E-Compós

Podem as revistas melhorar sua avaliação sem sucumbir à lógica das big techs?

Rogério Christofoletti — 2023-12-30

Palimpsestos da racialidade nas mal traçadas linhas de nossa história

Irene de Araújo Machado — 2023-11-27

Este ensaio discute o tema do apagamento atribuído aos fatos históricos e aos negros escravizados no Brasil, com o objetivo de rever formulações consagradas e oficializadas. Para isso, orienta-se pelo método da metalinguagem crítica, submetendo conceitos ao exame da pertinência a contextos históricos precisos. Como hipótese, toma a noção de palimpsesto como revelação, acompanhando o pensamento da historiadora Beatriz Nascimento, que, contestando definições históricas convencionais, chega à concepção de quilombo como forma de revisão histórica do negro como ser humano. Abre, assim, diálogos com o pensamento negro radical internacional e com produções audiovisuais para verificação dos argumentos.

Olhar corpos e produzir imagens

Daniel Bilac Pianchão do Carmo — 2021-05-12

Neste artigo, analisamos dinâmicas de naturalização e desnaturalização de discursos codificados em imagens no contexto do ano de 2020, em que discussões e manifestações sobre questões raciais foram deflagradas. Partimos de produções de duas mulheres negras estadunidenses: Darnella Frazier, que registrou em vídeo a execução de George Floyd; e Caroline Randall Williams, que usou seu espaço no The New York Times para debater sobre racismo, corpo e monumentos. Com essa empiria, buscamos compreender como as operações do olhar opositor mostram-se produtivas e capazes de afetação, provocando reflexão e mobilização sobre o tema na mídia e nas ruas, em escala global.

A cidade falante pelos artefatos gráficos urbanos

Regiane Miranda de Oliveira Nakagawa — 2023-12-05

Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa realizada no bairro Lavapiés, localizado na região central de Madrid, voltada a apreender o modo pelo qual ocorre a constituição da memória cultural da região por meio de um conjunto de artefatos gráficos urbanos e/ou mensagens urbanas. Tendo por base o conceito de memória cultural formulado pelo semioticista Iúri M. Lotman e como estratégia metodológica a deriva (DEBORD, 2003), foram selecionadas mensagens verbais em cujas frases há a indicação sobre “o que se protesta”, “contra quem se protesta” ou “a que se contrapõem”. Com isso, nota-se que a memória do bairro é ativada pela relação entre o “eu” e o “alheio”, em que se busca delinear aquilo que é ou deve ser Lavapiés.

O interdito nas telenovelas e as webséries lésbicas brasileiras como produto de transgressão

Vanessa Paula Trigueiro Moura — 2023-12-08

As webséries são narrativas seriadas, semelhantes às séries televisuais, que emergem a partir do contexto da cultura da convergência e são produzidas para distribuição na web. Nesse contexto, o artigo propõe uma reflexão sobre o interdito no regime de representação de gênero e sexualidade das telenovelas brasileiras e um debate sobre webséries lésbicas, introduzindo o conceito de fuga aplicado a essas narrativas ficcionais. Parte-se da ideia de que as webséries inauguram novas visibilidades e rompem com padrões pautados pela heteronormatividade. Apresentamos, por fim, o universo dessas produções no Brasil, trazendo a websérie potiguar SEPTO como representante dessas narrativas.

Operação Barbies Macumbeiras

Ana Luísa Schuchter Rofino — 2023-12-08

O artigo analisa a dinâmica dos discursos codificados e socialmente partilhados sobre as Comunidades Tradicionais de Terreiro (CTTro) através dos memes “Barbies Macumbeiras: qual você é?” de um perfil no Instagram. Compreendendo as imagens de controle como a dimensão ideológica do racismo (BUENO, 2020; COLLINS, 2019), analisamos como as narrativas acionadas produzem significações ligadas à lógica do racismo religioso ao aplicar a ideologia da boneca Barbie ao sagrado preto. Assume-se que a zona fronteiriça da discursividade (SODRÉ, 2023) atua na conservação de valores racialmente discriminatórios a partir das plataformas de mídias sociais.

Vestígios queer na biografia e na filmografia de Alberto Cavalcanti

Dieison Marconi — 2023-11-13

Trata-se de um estudo inicial sobre os vestígios queer na biografia e na filmografia de Alberto Cavalcanti, um cineasta brasileiro que construiu carreira entre a França e a Inglaterra, onde participou dos principais movimentos de vanguarda da primeira metade do século XX. Nos estudos até então existentes, sua homossexualidade é amplamente informada, porém, nunca estudada. O objetivo é, portanto, analisar os resíduos homoeróticos na biografia desse cineasta moderno e cosmopolita, bem como estudar o teor homoerótico de seu curta-metragem Coalface (1935). A metodologia faz uso ensaístico de uma triangulação entre leitura de textos biográficos, exame de literatura científica e produção de análise fílmica.

“Levanta a saia, lá vem a maré”

Raquel Gonçalves Dantas — 2023-10-23

O objetivo deste artigo é discutir o feminismo angoleiro em um contexto contemporâneo de comunicação de violência e crise. O movimento debate práticas e discursos, gerando formas de conhecimento e epistemologias do corpo. A questão que nos instiga diz respeito a como os feminismos atravessam diferentes territórios. Em termos metodológicos, fazemos um levantamento sobre a noção de ginga, remetendo à líder africana Nzinga e a seu papel na incorporação do conceito no Brasil. Araújo, Barreto, Navarro, Lima, Bracks, Gilroy e Vidor são alguns nomes que ajudam a compor o referencial para discutir a ginga como pensamento e comunicação do corpo capaz de provocar reflexões sobre o papel do feminismo angoleiro.

Café Society Carioca

Bruna Aucar — 2023-12-13

Este artigo pretende compreender como os hábitos e experiências da elite carioca eram noticiados pelos colunistas sociais entre as décadas de 1940 e 1960 nos principais jornais e revistas do Rio de Janeiro. Parte-se da hipótese de que a veiculação de notas sobre o calendário da alta sociedade ajudava a manter hierarquias e a legitimar o imaginário de consumo e lazer na cidade. Para isso, verificamos como se deu o início da gossip column, estilo criado pelo nova-iorquino Walter Winchell, e como o modelo foi importado para a imprensa brasileira. Pelo viés da análise textual, o estudo examina como essas narrativas jornalísticas conectaram a produção cultural do gosto às dinâmicas de classes.

Jornalismo financiado por plataformas

Camila Acosta Camargo — 2023-12-06

O artigo discute a influência das empresas de plataforma no mercado jornalístico, com ênfase para a relação estabelecida entre Google e Meta e os arranjos alternativos às corporações de mídia no Brasil. Por meio da triangulação metodológica, foram mapeados os programas de financiamento lançados para subsidiar veículos de imprensa e realizadas sete entrevistas semiestruturadas com representantes das iniciativas contempladas, visando compreender a influência das plataformas nos processos de trabalho dos comunicadores. Por fim, são analisadas as estratégias discursivas empregadas. Os resultados evidenciam o interesse das plataformas em reconfigurar a imprensa conforme suas lógicas operacionais.

Quais paisagens?

Sylvia Beatriz Bezerra Furtado — 2023-10-13

Neste artigo tratamos sobre as obras audiovisuais Cava, Caulim e Serra, realizadas por Juliane Peixoto e Raoni nos estados de Minas Gerais, Pará e Ceará, no Brasil, regiões onde a destruição ambiental causada pela ação de empresas mineradoras e pedreiras resultaram em imensas paisagens arruinadas. Consideramos, para efeito de análise, o conceito de paisagem desde duas perspectivas: a paisagem como um gênero pictórico – sua expressão como domínio do ponto de vista humano –, e a paisagem como expressão fragmentada das ruínas antropocêntricas, com o fim de evidenciar um problema contemporâneo que as obras nos instigam: quais paisagens?

Articulações entre campo e mundo social

Leopoldo Pedro Neto — 2023-12-11

Este artigo tem por objetivo dar continuidade às possibilidades de articulação entre as categorias de “campo” e de “mundo social” para a pesquisa empírica em jornalismo no Brasil. Especificamente, busca-se: a) expor qualitativamente os elementos analíticos fundamentais dessas categorias a partir do procedimento de levantamento de referências, em diálogo com autores que já tentaram articulá-las; b) discutir teoricamente as aproximações e distanciamentos entre ambas a partir dos usos empíricos na pesquisa em jornalismo no Brasil. Argumentamos que as duas categorias dialogam criticamente e podem se complementar em pesquisas empíricas.

Análise cultural-midiática e análise textual

Flavi Ferreira Lisbôa Filho — 2023-12-07

O artigo utiliza as teorias dos Estudos Culturais no campo da comunicação, onde defendemos um procedimento que seja capaz de examinar como os significados e padrões culturais são disseminados através de audiovisuais, combinando a análise cultural-midiática e a análise textual de Casetti e Chio (1999). Ancorados no materialismo cultural, nosso aparato metodológico examina como os significados culturais se configuram nos audiovisuais. Concluímos que tal protocolo mostra-se eficaz, já que combina o texto e o contexto cultural para compreender a construção de sentidos.

Mapeamento de estudos sobre desinformação e jornalismo publicados em revistas indexadas pelo Portal de Periódicos da CAPES

Hendryo André — 2023-12-09

O texto mapeia, a partir de um levantamento bibliográfico no Portal de Periódicos da CAPES, artigos que avaliam interseções entre desinformação e jornalismo. Foram selecionados 54 trabalhos, publicados em 27 periódicos entre 2005 e 2022. Os resultados apontam a multiplicação de artigos sobre o assunto no país durante o contexto de ascensão política da extrema direita e da pandemia. Há, porém, poucas pesquisas que problematizem o tema a partir dos modos de operação do jornalismo profissional, como a noção de noticiabilidade, e/ou que se vinculem às demandas atuais de visibilidade – que parece ser um campo de disputas entre um paradigma disciplinar e uma lógica de desempenho.

Usos da cultura, dinâmicas de produção/consumo solidário e ativismos

Simone Luci Pereira — 2023-08-24

O objetivo desse artigo é analisar como podem se articular – entre negociações e tensões – lógicas de produção/consumo solidários e sentidos de ativismo (baseado na noção de uso da cultura como conveniência e recurso de George Yúdice) em dois locais da região do Bixiga (São Paulo): a Casa do Mestre Ananias e o espaço Al Janiah. Trazendo e analisando dados produzidos em pesquisa de campo de base etnográfica realizada nesses locais, problematizamos as maneiras pelas quais valores como identidade, alteridade e autenticidade se fazem ali presentes e apontam para uma reflexão mais ampla acerca do desafio de pensar lógicas de consumo e dimensões políticas/ativistas na atualidade.

Do engajamento à desmobilização

Amanda Medeiros — 2023-11-25

A pandemia da COVID-19 é um evento sanitário e social dinâmico, que requer observação contínua. Aqui, examinamos os 100 links de maior engajamento nas redes sociais em 2022 com a palavra-chave “vacina”, comparando-os com dados de 2020 e 2021. A partir da análise de conteúdo, classificamos os dados em seis categorias: engajamento, tema, acurácia, posicionamento, cálculo de risco e tipo de veículo. Os resultados confirmam a tendência de queda no engajamento total e na presença da desinformação, percebida desde 2021. A análise cronológica sugere que os temas de maior engajamento estão diretamente relacionados às distintas fases da pandemia no Brasil, influenciando e sendo influenciados por elas.

Trilhas sonoras da inspiração empreendedora

Vander Casaqui — 2023-12-05

Este trabalho tem como objetivo o estudo da presença do discurso neoliberal nos podcasts do evento Day1, organizado pela Endeavor Brasil. O conjunto de podcasts analisado, situado no contexto da pandemia da COVID-19 (2020/2021), é composto pelas narrativas de vida de empreendedores de “alto impacto”, articuladas aos seus conselhos e “receitas” de sucesso. A metodologia está baseada na teoria do discurso social e na análise crítica do discurso neoliberal. O mapeamento realizado demonstra como as narrativas “inspiracionais” se sustentam na experiência individual, na mobilização de afetos e da racionalidade econômica para difundir a ideologia do empreendedorismo.

She-Ra e as Princesas do Poder

Soraya Maria Bernardino Barreto Januário — 2023-12-11

A reflexão sobre questões de gênero em artefatos midiáticos tem tido relevância nos últimos anos. Esta pesquisa faz uma análise temática das mudanças visuais incorporadas pela série She-Ra e as Princesas do Poder (2018) em comparação ao seu original, She-Ra: A Princesa do Poder (1985), na construção de uma cultura visual atrelada a questões de gênero. Buscou-se, através de uma análise temática dos enredos, personagens principais e seus corpos, compreender de que forma são acionados esses debates. Como resultados emergiram quatro categorias: Performances e configurações de gênero; Questões interseccionais; Códigos de diversidade corporal; Sexualidades dissidentes.

Marcas, consumo e decolonialidade

Marcio Ricardo da Silva Barbosa — 2023-10-11

Através das articulações teórico-metodológicas dos Estudos Culturais e das epistemologias decoloniais, neste artigo pretendemos perceber de que modo as marcas nativas da cultura hip-hop podem empreender seus esforços pela decolonialidade, pelo resgate da ancestralidade, história e identidade dos povos subalternizados que julgam representar. Uma breve exploração de alguns objetos por onde se materializam as formas de representação do Laboratório Fantasma demonstra em que medida a marca empenhou-se pelo reconhecimento de um sentido estético e político em sua trajetória e seu papel na cultura hip-hop brasileira.

A plataformização das práticas de leitura em lives do Clubinho do King no YouTube

Pâmela Da Silva Pochmann — 2023-12-07

O estudo, com a temática da plataformização das práticas de leitura no YouTube, tem como objetivo compreender o processo de plataformização das práticas de leitura nas lives do Clubinho do King. Para isso, mobiliza os conceitos de plataformização cultural, influenciadores, YouTube e leitura. A metodologia envolve a análise pelo viés da plataformização em quatro leituras do Clubinho do King e nos comentários feitos pela audiência em duas lives específicas. Os resultados identificam que os aspectos da plataformização afetam como a prática é consumida e divulgada no YouTube, e que funcionalidades como a hashtag, os links de direcionamento externo e o “@” facilitam o manejo pelo produtor cultural e pelos usuários.

O desafio da interação humana e os processadores comunicacionais

José Luiz Warren Jardim Gomes Braga — 2023-10-24

O artigo relaciona a proposta do autor de comunicação como trabalho da diversidade à percepção de Hannah Arendt da imprevisibilidade da ação humana, caracterizando uma lógica processual de variação/seleção na práxis social. Propõe o conceito de processadores comunicacionais e sua validade como unidade de variação, e indica pistas para o trabalho de pesquisa voltado para a observação dos processadores – assegurando a diversidade de temas e questões de conhecimento que se manifestam em relação a urgências e projetos envolvidos na práxis social.

(Anti)racismo plataformizado: a controvérsia em torno da política global de anúncio de vagas do LinkedIn

Adrielle Aparecida da Silva Ferreira — 2023-11-25

Este artigo analisa uma controvérsia plataformizada envolvendo a mídia social LinkedIn a partir do estudo de um caso que veio a público em março de 2022, quando a plataforma vetou uma vaga afirmativa direcionada para pessoas negras e indígenas no Brasil. A metodologia parte da proposta analítica de “des(re)montar” a plataforma, combinada à captura de rastros digitais que permitem averiguar que, embora o LinkedIn tenha atualizado suas políticas, permitindo o anúncio de vagas afirmativas, a plataforma vinha atuando como um dispositivo de racialidade, contribuindo para a manutenção de práticas racistas no contexto do mercado de trabalho.

Comunicação política da extrema-direita nas eleições de 2022

Anna Bentes — 2023-11-28

O objetivo deste artigo é analisar as principais narrativas mobilizadas na comunicação política da extrema-direita no Telegram nas eleições brasileiras de 2022. Considerando o papel estratégico da plataforma no ecossistema de desinformação, realizamos a análise de 80 conteúdos em diferentes formatos que circularam em grupos bolsonaristas no aplicativo de mensageria durante o segundo turno coletados na base do Monitor de Telegram do projeto Eleições sem Fake. Identificamos um total 24 temas nos conteúdos com maior engajamento, sendo a narrativa da fraude eleitoral a principal, aparecendo em 18% do total. Sem políticas eficientes, o Telegram facilitou a difusão dessas narrativas no processo eleitoral.

A publicidade como objeto de conhecimento no Brasil

Laura Wottrich — 2023-07-21

O texto aborda a publicidade como um objeto de conhecimento, a partir da identificação, análise e discussão de sua conflagração teórica no Brasil. Assumo o pressuposto de que a edificação de angulações teóricas sobre o fenômeno publicitário é imprescindível para o enfrentamento de sua complexidade. Inicialmente, situo o entendimento em torno das teorias da publicidade; então identifico os entraves ao amadurecimento da configuração desse objeto, para, em seguida, apresentar e discutir os avanços obtidos pela comunidade científica brasileira em tempos recentes, a partir de um conjunto de 16 acionamentos teóricos elaborados por pesquisadores brasileiros.

Sensibilidades pop periféricas

Thiago Soares — 2023-09-06

A partir do enquadramento de narrativas episódicas, críticas culturais a álbuns fonográficos e videoclipes de três artistas que, mesmo cantando em espanhol e português, são consagrados na cultura pop anglófona, argumenta-se pela clivagem teórica em torno das noções de entrelugar, colonialidade e bastardização como aparatos conceituais capazes de complexificar leituras de fenômenos da música pop atravessados pela ideia de latinidade. Aposta-se na compreensão de que sensibilidades pop periféricas deslocam interpretações para as negociações estéticas e políticas que colocam em suspeita tradições assentadas pelo marxismo na análise de produções oriundas das indústrias do entretenimento.

Representatividade no audiovisual

Tomaz Penner — 2023-07-26

Este artigo tem como objetivo discutir a diversidade de personagens da série 3%, com vias a estender o debate para a diversidade no audiovisual brasileiro. Iniciamos com uma discussão sobre teorias de gênero, teoria queer e o viés analítico da interseccionalidade, tanto do ponto de vista sociocultural quanto pela perspectiva das relações de poder e subalternidade. Em seguida, apresentamos um panorama das personagens LGBT+ na série 3%, a fim de verificar a representação de personagens e suas interseccionalidades. Por fim, aprofundamos a análise da personagem Joana, única protagonista LGBT+ negra de uma série brasileira produzida pela Netflix até a realização desta pesquisa.

Reflexões sobre Comunicação para Paz a partir de uma perspectiva Sul Global e Decolonial

Raquel Cabral — 2023-11-21

O artigo propõe vínculos epistemológicos entre a Comunicação para a Paz – situada no campo dos Estudos para a Paz – e o pensamento decolonial. Por meio da hermenêutica de profundidade, infere-se que tal articulação aponta direções quanto ao enfrentamento de marcas de colonialidade que persistem na sociedade latino-americana. Reflete sobre o potencial crítico da comunicação na legitimação ou ruptura de lógicas de violência, sobretudo de ordem estrutural e cultural. Na dimensão empírica, apresenta o Guia Agenda 2030, que propõe um ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) orientado para Cultura, Arte e Comunicação como espaços de resistências, resiliências e transformação.

Pedagogias da moda na TV

Priscila Gil Wagner — 2023-05-23

O Esquadrão da Moda, em sua versão brasileira, é um reality show bastante popular no Brasil que procura ensinar as participantes a se vestirem, apresentando looks que estejam de acordo com o cotidiano e a personalidade de cada uma. Objetiva-se, a partir da perspectiva teórica dos Estudos Culturais, dos Estudos de Mídia e de Moda analisar as chamadas pedagogias da moda colocadas em ação pelo referido programa. Enfatiza-se as relações entre corpo, moda e identidades culturais, bem como assume-se que as pedagogias da moda (trans/de)formam os corpos e os comportamentos dos sujeitos, auxiliam no processo de representação e dos grupos sociais e, por fim, (de)marcam as identidades culturais.

O presente como história

Claudia Mesquita — 2021-11-03

Na trilha de Andreas Huyssen (2014), que identifica uma preocupação central com a memória na cultura contemporânea (resposta à confiança decrescente no futuro das sociedades ocidentais), o artigo busca examinar como o cinema brasileiro recente tem elaborado a experiência histórica. Para tanto, realiza um pequeno inventário, testando a reunião dos filmes em séries, de modo a indicar e caracterizar “figuras de elaboração histórica” recorrentes nessa filmografia. Em nosso mapeamento, destaca-se a aposta no “presente como história”: sob a sombra de um “passado que não passa” ou desenhado como “avesso do futuro”, o presente ganha centralidade nessas obras.

Discurso de ódio on-line

Luiza Carolina dos Santos — 2023-09-04

O objetivo deste artigo é compreender a moderação do discurso de ódio do Facebook, Instagram, TikTok, Twitch, Twitter e YouTube a partir da análise de seus termos de uso e suas diretrizes de comunidade. Na discussão, são analisados quatro fatores: conceituação de discurso de ódio; categorias protegidas; critérios de avaliação de denúncias; e sanções. Por fim, discutimos três pontos em comum às diretrizes de comunidade: os valores das plataformas; desafios contextuais e linguísticos; e interlocuções e práticas de moderação. A conclusão aponta que esses pontos suportam a governança do discurso de ódio das plataformas analisadas.

Coronelismo eletrônico não é uma metáfora

Janaine Aires — 2022-11-23

O coronelismo eletrônico designa um tipo de sistema alicerçado em compromissos recíprocos e de mútua dependência entre a mídia e a política. Este artigo discute imprecisões e divergências conceituais a partir de duas questões centrais: “O coronelismo eletrônico é uma questão regional?” e “Qual a principal mercadoria do sistema de coronelismo eletrônico?”. Elabora-se, ainda, uma categorização dos atores que articulam esse sistema, que se subdividem em: proprietários de sistemas midiáticos; famílias governamentais; lideranças personalistas; e comunicadores-políticos. Por fim, como resultado, o artigo apresenta um quadro comparativo entre os seus diferentes tipos de capital político.

Culturas midiáticas das juventudes

Cláudia Pereira — 2022-11-24

O objetivo é propor a categoria “culturas midiáticas das juventudes” como objeto de pesquisa voltado para práticas comunicacionais cotidianas dos jovens em sua pluralidade. Distingue-se de perspectivas que tomam tais práticas e representações como meras partes de outros objetos de pesquisa. A teoria se sustenta na discussão de Rossana Reguillo sobre o papel dos jovens como atores sociais. Como cultura em si mesma e, portanto, repleta de rituais e significados, as “culturas midiáticas das juventudes” são tomadas como o próprio objeto central da pesquisa. Apresenta-se um breve estudo de caso sobre dimensões de produção e consumo de narrativas publicitárias no contexto do skate de rua.

Quarto narrador, um conceito em movimento

Demétrio de Azeredo Soster — 2023-01-20

O artigo se propõe a revisar e atualizar o conceito de quarto narrador, por meio do qual o sistema midiático pode ser identificado como tal pelo viés do alinhamento temático em determinadas condições de enunciação. Inquieta-nos duas questões: a primeira, de ordem ontológica, tem a ver com a possibilidade de considerarmos o sistema um quarto extrato narrativo. A segunda, processual, observa como a processualidade da midiatização afeta o quarto narrador. Conclui-se que compreender o quarto narrador implica tanto pensar a circulação midiática como dispositivo como admitir que estamos diante de um narrador multifacetado e plurivocal.

Diretrizes para a comunicação visual inclusiva

Maria Eduarda Ramos Cavalcanti Rosa — 2023-12-07

Relatamos uma pesquisa teórica com o objetivo de colaborar para educomunicadores e designers consolidarem na sociedade a comunicação inclusiva da pessoa neurodivergente. O levantamento das especificidades sensoriais e cognitivas baseou-se em Abreu (2022), Ferreira (2021), Kappel (2020), Posar e Visconti (2018), Hoogman et al. (2017), Serrano (2016), Faraone et al. (2015), Andrade (2012), Mottron et al. (2006) e Dawson e Watling (2000). A práxis educomunicativa é abordada por meio de Soares (2014) e Almeida (2023). O arcabouço teórico do design advém de Rosa et al. (2022), Machado Neto (2013), Bracken e Novak (2019) e Bersch (2008). Oferece-se diretrizes, norteadas pelo Design Universal aplicado à acessibilidade para facilitar o processo de aprendizagem e a inclusão social desse grupo.