Reconhecer a vida e a experiência do outro:

tensionamentos epistêmicos, normativos e identitários

Autores

  • Luis Mauro Sá Martino Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, São Paulo, Brasil
  • Angela Cristina Salgueiro Marques Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil https://orcid.org/0000-0002-2253-0374

DOI:

https://doi.org/10.30962/ec.2212

Palavras-chave:

Reconhecimento. Epistemologia. Moral. Identidade. Comunicação.

Resumo

O conceito de reconhecimento é central para a compreensão das interações comunicacionais sobre questões sociais e políticas. Este artigo propõe uma reflexão acerca do conceito, procurando destacar alguns de seus limites em três aspectos principais: (1) sua dimensão epistêmica pauta-se sobretudo em uma noção ocidental de racionalidade; (2) seus fundamentos morais concentram-se em um aspecto racional, ao qual se poderia acrescentar a experiência emocional da política e (3) há um tensionamento latente acerca da relevância da biografia, da experiência e do testemunho para alargar o quadro de referência do reconhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luis Mauro Sá Martino, Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, São Paulo, Brasil

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor no Programa de Pós-graduação em Comunicação na Contemporaneidade da Faculdade Cásper Líbero.



Angela Cristina Salgueiro Marques, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Integra os grupos de pesquisa: MARGEM - Grupo de Pesquisa em Democracia e Justiça (UFMG) e Teorias e Processos da Comunicação (Faculdade Cásper Líbero). É membro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações Públicas (ABRAPCORP).

Referências

ADORNO, Theodor. Minima Moralia. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008.

ALBORNOZ, Suzana G. As esferas do reconhecimento: uma introdução a Axel Honneth. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2011, vol. 14, n. 1, pp. 127-143.

AMADEO, J. Identidade, Reconhecimento e Redistribuição. Política & Sociedade, Vol. 16, No 35 - Jan.-Abr. de 2017, pp. 242-270.

ARAUJO NETO, J. A. C. A filosofia do reconhecimento: as contribuições de Axel Honneth a essa categoria. Kínesis, Vol. V, n° 09, Julho 2013, p. 52-69

ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: GEN, 2016.

ARFUCH, L. El espacio biográfico. Buenos Aires: Fondo de Cultura, 2010.

BECHI, D. Luta por reconhecimento e formação da identidade na teoria crítica de Axel Honneth. Revista Espaço Acadêmico, Ano 14, no. 165, Vol. 1, Fev. 2015, pp. 64-73.

BENJAMIN, Walter. Fragments. Poirier, Paris : Collège International de Philosophie/PUF, 2001.

BUTLER, J. Vida Precária. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

BUTLER, J. Adotando o ponto de vista do outro: implicações ambivalentes. In: HONNETH, A. Reificação. São Paulo: Unesp, 2018a, p.133-162.

BUTLER, J. Corpos em aliança e a política das ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018b.

BUTLER, J. Relatar a si mesmo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

COHEN, S. The nature of moral reasoning. Oxford: OUP, 2004.

COSTA, E. G. A luta por reconhecimento: aspectos teóricos do pensamento de axel honneth. Prometeus. Ano 11, no. 26, jan-mai. 2018, pp. 1-22.

CRITELLI, D. História pessoal e sentido da vida. São Paulo: Educ, 2009.

DERANTY, Jean-Philippe. Mésentente et lutte pour la reconnaissance: Honneth face à Rancière. In: RENAULT, Emmanuel; SINTOMER, Yves. Où en est la théorie critique? Paris: La Découverte, 2003, p.185-199.

DERRIDA, J. Força de Lei. São Paulo: Martins Fontes, 2018.

FERRARA, L. A comunicação que não vemos. São Paulo: Paulus, 2018.

FRASER, Nancy. Justice interruptus critical reflection on the "postsocialist" condition. New York: Routledge, 1997.

FRASER, Nancy. Social Justice in the age of identity politics: redistribution, recognition, and participation. In: FRASER, N.; HONNETH, A. Redistribution or Recognition? A political-philosophical exchange. London: Verso, 2003, p.7-109.

FREITAG, B. A teoria crítica. São Paulo: Brasiliense, 1995.

GARCÊZ, R. L.; MAIA, R. Recognition, feelings of injustice and claim justification: a case study of deaf people's storytelling on the internet. European Political Science Review, v. 1, p. 1-24, 2013.

GENEL, Katia. Jacques Rancière and Axel Honneth : (two ?) critical approaches to the political. In: GENEL, Katia; DERANTY, Jean-Phillipe (eds). Recognition or Disagreement: a critical encounter on the politics of freedom, equality and identity. Columbia University Press, 2016, p.3-32.

GERBNER, G. The stories we tell. Peace Review, 11(1), 9-15, 1999.

GOFFMAN, E. Estigma. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

HABERMAS, J. A inclusão do outro. São Paulo: Loyola, 1999.

HABERMAS, J. Verdade e Justificação. São Paulo: Loyola, 2004.

HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. v. 01, Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 2010.

HONNETH, Axel. « Invisibilité : sur l’épistémologie de la reconnaissance », Réseaux, n.129-130, 2005, pp.41-57.

HONNETH, Axel. La reconnaissance comme idéologie. In : La société du mépris : vers une nouvelle théorie critique. Paris : La Découverte, 2006, p.245-274.

HONNETH, Axel. Recognition and Justice: Outline of a Plural Theory of Justice. Acta sociologica, Volume: 47 issue: 4, 2004, page(s): 351-364.

HONNETH, A. Luta por reconhecimento. São Paulo: Ed. 34, 2013.

KRITSCH, Raquel; VENTURA, Rhaissa. Reconhecimento, identidade(s) e conflito. Civitas, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 441-463, maio-ago. 2019

LIMA, L. C. Mímesis e Modernidade. Rio de Janeiro: Graal, 1980.

LÉVINAS, E. Entre nós. Petrópolis: Vozes, 2011.

MAIA, R. Mídia e Lutas por Reconhecimento. São Paulo: Paulus, 2018.

MAIA, Rousiley et al. A teoria do reconhecimento em tempos de intolerância: retrocesso cultural e politização reativa. In: HELLER, B.; CAL, D.; ROSA, A. P. (orgs.). Midiatização, (in)tolerância e reconhecimento. Salvador : EDUFBA, 2020, p.109-130.

MARTINO, Luis Mauro Sá ; MARQUES, Angela. Midiatizações da intolerância em narrativas de migrantes no Brasil. In: HELLER, Barbara; CAL, Danila; ROSA, Ana Paula da. (orgs.). (Org.). Midiatização (in)tolerância e reconhecimento. 1ed.Salvador: EDUFBA, 2020, v. 1, p. 223-248.

MARTINO, Luis Mauro Sá ; MARQUES, Angela. A comunicação como ética da alteridade: pensando o conceito com Lévinas. INTERCOM (SÃO PAULO. ONLINE), v. 42, p. 21-40, 2019.

MARTINO, L. M. S. ; MARQUES, A. C. S. . A afetividade do conhecimento na epistemologia: a subjetividade das escolhas na pesquisa em Comunicação. MATRIZES (USP. IMPRESSO), v. 12, p. 217-234, 2018.

McQUEEN, P. Honneth, Butler and the ambivalent effects of recognition. Res Publica, v.21, n,1, p.43-60, 2015.

MENDONÇA, R. F. Reconhecimento em debate: os modelos de Honneth e Fraser em sua relação com o legado habermasiano. Revista Sociologia e Política, no. 29, Vol. 1, novembro 2007, p. 169-185.

MENDONÇA, R. F. Reconhecimento e (qual?) deliberação. Opinião Pública (UNICAMP. Impresso), v. 17, p. 206-227, 2011.

MENDONÇA, R. F. Democracia e desigualdade: as contribuições da teoria do reconhecimento. Revista Brasileira de Ciência Política (Impresso), p. 119-146, 2012.

NUSSBAUM, M. Creating Capabilities. Nova York: Belknap, 2016.

PINTO, Celi R. J. O que as teorias do reconhecimento têm a dizer sobre as manifestações de rua em 2013 no Brasil. Revista Sociedade e Estado. Volume 31, Número Especial, pp. 1-15.

PIRES, Cecilia M.; ZAMBAM, Neuro J. O reconhecimento moral e a democracia. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito no. 6, Vol.3, outubro-dezembro 2014, pp. 258-267.

RIVERA CUSICANQUI, S. Un mundo ch’ixi es posible. Buenos Aires: Tinta Limón, 2019.

ROCHA, H. C. L.; CORREIA, J. C. F. Comunicação, novos media e direitos humanos: o reconhecimento na era da globalização digital. Compolítica, Vol. 7, no. 2, 2017, pp. 35-61.

RODRIGUEZ MAESO, Silvia. Política del testimonio y reconocimiento en las comisiones de la verdad guatemalteca y peruana. Revista Crítica de Ciências Sociais, no. 88, Vol. 1, Março 2010, pp. 23-55.

ROSENFIELD, Cinara; SAAVEDRA, G. A. Reconhecimento, teoria crítica e sociedade: sobre desenvolvimento da obra de Axel Honneth e os desafios da sua aplicação no Brasil. Sociologias, Porto Alegre, ano 15, no 33, mai./ago. 2013, p. 14-54

SAAVEDRA, G. A.; SOBOTTKA, E. A. Discursos filosóficos do reconhecimento Civitas, v. 9, n. 3, set.-dez. 2009, pp. 386-401.

SAAVEDRA, G. A.; SOBOTTKA, E. A. Introdução à teoria do reconhecimento de Axel Honneth. Civitas, v. 8, n. 1, jan-abr. 2008, pp. 9-18.

SCHULZ, Rosangela. As contribuições da teoria do reconhecimento no entendimento das lutas sociais de mulheres em condições de extrema pobreza. Mediações. Londrina, v. 15,

SOBOTTKA, E. A. Liberdade, reconhecimento e emancipação – raízes da teoria da justiça de Axel Honneth. Sociologias, ano 15, no 33, mai./ago. 2013, p. 142-168

SOUZA, L. G. C. Do reconhecimento recíproco à sociedade efetivamente social Considerações sobre a obra recente de Axel Honneth. Civitas, Porto Alegre, v. 17, n. 3, 98-114, set.-dez. 2017

WERMUTH, M. A. D.; NIELSSON, J. G. De Hannah Arendt a Judith Butler: em busca da humanidade perdida nas fronteiras do estado-nação. Pensar, v. 22, n. 1, p. 301-334, jan./abr. 2017

ZANA, Augusta R. O.; PERELSON, Simone. Problemática identitária e reconhecimento da alteridade: do encontro com o outro indivíduo ao confronto com o estranho. Clínica & Cultura v.2, n.1, jan-jun 2013, pp. 44-57

ZAPATER, Maria. C. A mulher ‘convencional’: reconhecimento de direitos ‘universais’ e padrão hegemônico de gênero. III Simpósio Gênero e Políticas Públicas. Anais… Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 27 a 29 de maio de 2014.

Downloads

Publicado

13-10-2021

Como Citar

Sá Martino, L. M., & Salgueiro Marques, A. C. (2021). Reconhecer a vida e a experiência do outro: : tensionamentos epistêmicos, normativos e identitários. E-Compós, 24. https://doi.org/10.30962/ec.2212

Edição

Seção

Artigos Originais