Controvérsia científica no jornalismo

Uma análise sobre a cobertura da pílula do câncer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30962/ec.2588

Palavras-chave:

Divulgação Científica, Controvérsia Científica, Fosfoetanolamina sintética, Jornal impresso

Resumo

Este artigo analisa a controvérsia científica relativa ao uso da fosfoetanolamina sintética no tratamento de câncer, que ganhou destaque em 2015 e 2016. Por meio de uma análise de conteúdo quantitativa, examinamos 231 textos publicados nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo sobre a chamada “pílula do câncer”. Verificamos que, apesar da cobertura ter se concentrado nas seções de saúde, a abordagem do tema não se limitou a aspectos científicos. Houve destaque para o enfoque político-jurídico e ético-moral, explicitando que a ciência possui desdobramentos que extrapolam o âmbito acadêmico. Várias fontes e vozes foram consultadas, o que refletiu em diferentes posicionamentos e atores sociais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanessa Brasil de Carvalho, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Doutora em Educação, Gestão e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, 2018). Atualmente, atua como pesquisadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública em Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) e é bolsista de Pós-Doutorado Júnior pelo CNPq alocada no Núcleo de Estudos da Divulgação Científica, ambos na Fundação Oswaldo Cruz.

Marina Ramalho, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Coordenadora do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica, do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz), doutora em Educação, Gestão e Difusão em Biociências pelo Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Marcela Vitor Alvaro , Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Doutoranda em Educação, Gestão e Difusão em Biociências pelo Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.

Referências

ALBERGUINI, A. A ciência nos telejornais brasileiros: o papel educativo e a compreensão pública das matérias de C&T. 300 f. 2007. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo, 2007.

ALLAIN, J.; NASCIMENTO-SCHULZE, C.; CAMARGO, B. V. As representações sociais de transgênicos nos jornais brasileiros. Estudos de Psicologia, v. 14, n. 1, p. 21-30, 2009.

ALMEIDA, C. et al. La cobertura de ciencia en América Latina: estudio de periódicos de elite en nueve países de la región. In: MORENO, C. (Org.). Periodismo y divulgación científica: tendencias en el ámbito iberoamericano. Madrid: OEI e Biblioteca Nueva, 2011. p. 75-97.

______; DALCOL, F.; MASSARANI, L. Controvérsia científica no telejornalismo brasileiro: um estudo sobre a cobertura das células-tronco no Jornal Nacional. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 20, p. 1203-1223, 2013.

ALSP – Assembleia Legislativa de São Paulo. Comissão parlamentar de inquérito construída com a finalidade de apurar as razões que motivam o Estado a não realizar pesquisas para a liberação da substância fosfoetanolamina, produzida por cientistas no campus da USP de São Carlos: Relatório Final dos Trabalhos. Diário Oficial da Assembleia Legislativa de São Paulo, São Paulo, v. 128, n. 72, 25 abril 2018. Disponível em: <https://cutt.ly/nnLGHqu> Acesso em: 7 jun. 2021.

ALVARO, M. V. A “Pílula do Câncer” na TV: um estudo das reportagens sobre o caso da fosfoetanolamina. Dissertação (Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2019.

ARBOLEDA CASTRILLÓN, T. et al. Ciencia y tecnología en los telediarios colombianos: sobre lo que se cubre y no se cubre. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, v. 17, n. 1, p. 208-229, 2015.

AULER JR. COMUNICADO. São Paulo, 2018. Disponível em: <http://www.icesp.org.br/sala-de-imprensa/noticias/311-comunicado>. Acesso em: 7 jun. 2021.

BARCA, L. Iguarias à hora do jantar: a presença de ciência e tecnologia nos telejornais diários. 2004. Tese (Doutorado em Educação, Gestão e Difusão em Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

BARONAS, R.; CARDOSO, J. A (des)ordem da polêmica na mídia: o caso da pílula do câncer. Revista de Estudos da Linguagem, v. 24, n. 3, p. 673-702, 2016.

BASTOS, A. Engajamento público em controvérsia científica: o caso da pílula do câncer. 215 f. 2020. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.

BASTOS, A.; MONARI, A. C. La “curación” del cáncer en la televisión: la polémica de la fosfoetanolamina sintética en programas televisivos brasileños. Perspectivas de la Comunicación, v. 12, n. 1, p. 37-58, 2019.

BOEHM, C. Pílula da USP usada em tratamento contra o câncer divide opiniões. Agência Brasil, São Paulo, 23 out. 2015. Disponível em: <https://cutt.ly/PnLGogU>. Acesso em: 26 jun. 2019.

BROSSARD, D. et al. Media Frame Building and Culture: Transgenic Crops in two Brazilian Newspapers during the “Year of Controversy”. E-Compós, v. 16, n. 1, 14 jun. 2013.

CANCIAN, N. Não exerci a medicina ilegalmente, diz criador de suposta droga anticâncer. Folha de S.Paulo, 29 out. 2015. Disponível em: <https://cutt.ly/qnLGs6y>. Acesso em: 15 jun. 2021.

CARDOSO, D. Câmara aprova projeto que libera “pílula do câncer”. O Estado de São Paulo, São Paulo, 8 mar. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/vnLGjj1>. Acesso em: 15 jun. 2021.

______; BRITO, R. Senado aprova projeto de lei que libera uso da “pílula do câncer”. O Estado de São Paulo, São Paulo, 22 mar. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/WnLGxw3>. Acesso em: 15 jun. 2021.

CARVALHO, S. O caso fosfoetanolamina e a comunicação pública da ciência. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 39, 2016, São Paulo (SP). Anais... São Paulo: INTERCOM, 2016.

CASTRO, R.; ALMEIDA, R. Testemunho, evidência e risco: reflexões sobre o caso da fosfoetanolamina sintética. Anuário Antropológico, n. I, p. 37-60, 2017.

COLOMBO JR., P.; MARANDINO, M. Museus de ciências e controvérsias sociocientíficas: reflexões necessárias. JCOM-AL, v. 3, n. 1, p. A02, 2020.

FAHNESTOCK, J. Accommodating Science: the Rhetorical Life of Scientific Facts. In: MCRAE, M. W (Org.). The Literature of Science: Perspectives on Popular Scientific Writing. Georgia: University of Georgia Press, 1993.

FIORAVANTI, C. H.; FIORAVANTI, C. M. Otimismo em um mar de incertezas: a cobertura jornalística sobre a pesquisa de novos medicamentos no Brasil. JCOM, v. 17, n. 2, p. A02. 2018.

GRUPO ESTADO. Histórico. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/historico/resumo/conti1.htm>. Acesso em: 24 maio 2021.

GRUPO FOLHA. Folha de S.Paulo. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/institucional/o_grupo.shtml>. Acesso em: 24 maio 2021.

HOLLIMAN, R. Media Coverage of Cloning: a Study of Media Content, Production and Reception. PUS, v. 13, n. 2, p. 107-130, 2004.

ICESP – Instituto de Câncer do Estado de São Paulo. Instituto do Câncer inicia segunda fase de testes clínicos da fosfoetanolamina sintética. Noticias. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/vnLGZ2S>. Acesso em: 7 jun. 2021.

KRIPPENDORFF, K. Content Analysis: an Introduction to its Methodology. Londres: Sage, 2004.

MACEDO, A. R.; RESENDE, A. Sancionada lei que autoriza o uso de substância contra o câncer. Agência Câmara Notícias, 14 abr. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/OnLG1NO>. Acesso em: 7 jun. 2021.

MARANDINO, M. et al. Controvérsias em museus de ciências: reflexões e propostas para educadores. São Paulo: FE-USP, 2016. Disponível em: <http://www.geenf.fe.usp.br/v2/?p=2403>. Acesso em: 15 mar. 2021.

MASSARANI, L.; RAMALHO, M. Monitoramento e capacitação em jornalismo científico: a experiência de uma rede ibero-americana. Rio de Janeiro: Museu da Vida/ Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz; Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación para América Latina (Ciespal), 2012.

MEDEIROS, F. As páginas de ciência de prestige papers brasileiros na cobertura dos transgênicos em anos de “hype” (1999-2000). Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 30, n. 1, p. 71-93, 2007.

MOMB – Media Ownership Monitor Brasil. Grupos de mídia. 2021. Disponível em: <https://brazil.mom-rsf.org/br/proprietarios/empresas/>. Acesso em: 9 jun. 2021.

MONARI, A. C. O “milagre” da pílula: os efeitos da mídia na opinião pública sobre o caso da fosfoetanolamina sintética. 275 f. 2019. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2019.

______; BERTOLLI FILHO, C. (Des)Ilusão da notícia: análise da construção da ilusão e da desilusão pela mídia na cobertura sobre o caso da fosfoetanolamina sintética. ComHumanitas: Revista Científica de Comunicación, v. 11, n. 1, p. 101-115, 2020.

MONTEIRO, M da G. Ciência e risco: as controvérsias como procedimento da comunicação pública num contexto democrático. 397 f. 2009. Tese (Doutorado em Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

PARISER, E. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

PASTERNAK, N. O cientista e a síndrome de Cassandra. Ciência e Cultura, v. 70, n. 2, p. 4-5, 2018.

RAMALHO, M.; ALVARO, M.; CARVALHO, V. B. de. Pílula do câncer na TV brasileira: a cobertura de programas televisivos sobre uma controvérsia científica. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 44, p. 35-52, 2021.

RAMALHO, M.; POLINO, C.; MASSARANI, L. Do laboratório para o horário nobre: a cobertura de ciência no principal telejornal brasileiro. JCOM, v. 11, p. 1-10, 2012.

RIGHETTI, S.; ALVES, G.; CANCIAN, N. Associações de pacientes não recomendam uso da “pílula do câncer”. Folha de S.Paulo, 14 abr. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/qnLG4DS>. Acesso em: 15 jun. 2021.

RONDELLI, D. A ciência no picadeiro: uma análise das reportagens sobre ciência no programa Fantástico. 148 f. 2004. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo, 2004.

RUBIN, V. L.; CHEN, Y.; CONROY, N. K. Deception Detection for News: Three Types of Fakes. Proceedings of the Association for Information Science and Technology, v. 52, n. 1, p. 1-4, 2015.

SBQ – Sociedade Brasileira de Química. Resumo do Relatório Técnico-Científico sobre os testes químicos realizados com as cápsulas da “Pílula do Câncer”. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/InLHq6X>. Acesso em: 16 jun. 2021.

SENADO. Fosfoetanolamina sintética. Senado Notícias, 2016. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/entenda-o-assunto/fosfoetanolamina-sintetica>. Acesso em: 15 jun. 2021.

SILVERMAN, D. Interpreting Qualitative Data: Methods for Analysing Talk, Text and Interaction. Londres: Sage, 1993.

STOCKING. S. H. Como os jornalistas lidam com as incertezas científicas. In: MASSARANI, L.; TURNEY, J.; MOREIRA, I. (Orgs.). Terra incógnita: a interface entre ciência e público. Rio de Janeiro: Vieira & Lent; UFRJ; Casa da Ciência; FIOCRUZ, 2005. p. 161-182.

TOMAZELA, J. M. Manifestantes pedem liberação da “pílula do câncer”. O Estado de S. Paulo. 20 mar. 2016. Disponível em: <https://cutt.ly/JnLHujc>. Acesso em: 15 jun. 2021.

Downloads

Publicado

25-07-2022

Como Citar

Brasil de Carvalho, V., Ramalho, M., & Vitor Alvaro , M. (2022). Controvérsia científica no jornalismo: Uma análise sobre a cobertura da pílula do câncer. E-Compós, 25. https://doi.org/10.30962/ec.2588

Edição

Seção

Artigos Originais